BoCA 2025: Caminho Irreal

BoCA 2025: Caminho Irreal

“A BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas”, em sua quinta edição intitulada “Caminho Irreal”, reúne diversas disciplinas artísticas em uma abordagem transdisciplinar, conectando instituições culturais e ligando Lisboa e Madrid.

A BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas é um evento cultural de carácter bienal que reúne artes performativas, artes visuais, música, cinema e outras disciplinas transversais. Caracteriza-se pela sua abordagem transdisciplinar, por cruzar fronteiras artísticas e territoriais, e por envolver múltiplas instituições culturais (teatros, museus, centros culturais, espaços patrimoniais), com o público em diferentes formatos que incluem performances, instalações, debates e cinema.

A quinta edição da BoCA Bienal, intitulada Caminho Irreal, apresenta-se como uma proposta inédita que inaugura um eixo ibérico entre Lisboa e Madrid, desafiando os limites entre Espanha e Portugal. Decorre entre 10 de setembro e 26 de outubro de 2025.

Sob a direção artística de John Romão, a bienal convida ao deslocamento simbólico, ao desvio em relação às rotas oficiais, e à reconfiguração das relações entre artista/espectador, memória, identidade, pertença e fronteira. Caminho Irreal alude tanto ao percurso físico entre cidades como ao espaço de experimentação discursiva que emerge quando se cruzam geografias, memórias e imaginários.

Nesta edição, participam mais de 30 instituições culturais das duas capitais, incluindo museus, teatros, centros culturais e espaços patrimoniais que partilharão uma programação conjunta. O evento será celebrado simultaneamente em Lisboa e Madrid, sendo a primeira vez que a bienal se desdobra em ambos os países para oferecer uma experiência verdadeiramente ibérica. A programação combina artistas internacionais e nacionais, colaborações entre artistas portugueses e espanhóis, ciclos de cinema, instalações, performances, música e debates.

A Bienal BoCA 2025 conta com a participação de destacados artistas espanhóis, entre eles Julián Pacomio, Elena Córdoba, Francisco Camacho, Pedro G. Romero, Niño de Elche, El Conde de Torrefiel, Rocío Guzmán, Candela Capitán, Aurora Bauzà, Pere Jou, Marcos Morau e Alberto Cortés. Estes nomes representam a diversidade e a riqueza da criação contemporânea espanhola que dialoga intensamente com a cena portuguesa nesta edição ibérica.

Os participantes espanhóis em Portugal podem ser vistos nestas datas:

Elena Córdoba, Francisco Camacho: Una ficción en el pliegue del mapa

  • 27 e 28 de setembro. Horário a confirmar. Sala a anunciar em Lisboa.
  • De Elena Córdoba e Francisco Camacho, Espanha / Portugal, 2025.
  • Com som de Pablo Contreras.

Uma ficção na dobra do mapa é um reencontro entre dois coreógrafos que exploram memória, corpo e criação como vestígios partilhados, dançando a transformação do passado e suas ressonâncias no presente, numa partilha íntima de corpos e trajetórias.

Pedro G. Romero, Niño de Elche: Descomposición/Choro

  • 3 de outubro, às 17h00. CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa. Entrada livre.
  • De Niño de Elche e Pedro G. Romero, Espanha / Portugal, 2025, 60 minutos.

Descomposición/Choro é uma conferência-performance que explora a cultura popular ibérica como espaço de mestiçagem, conflito e reinvenção, resgatando práticas musicais e sociais na fronteira entre Portugal e Espanha, numa escuta vibrante das tensões e encontros que definem essa região.

Niño de Elche, Pedro G. Romero: El Cante Rasgueado

  • 4 de outubro, às 20h00. Anfiteatro ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
  • De Niño de Elche e Pedro G. Romero, Espanha / Portugal, 2025, 50 minutos.

El Cante Rasgueado é um concerto performativo que reimagina as tradições populares da fronteira ibérica, entre Portugal e Espanha, como espaço de mestiçagem e reinvenção. A partir de uma pesquisa no terreno com músicos e historiadores locais, Niño de Elche e Pedro G. Romero reativam o potencial comunitário da cultura popular, recusando leituras folclóricas ou cristalizadas, apresentando um concerto inédito com a colaboração de músicos que desafiam as formas cristalizadas da tradição, expondo a sua fricção com o presente.

El Conde de Torrefiel: Yo No Tengo Nombre

  • 9 a 15 de outubro, às 11h00, 12h30, 15h00 e 17h30. Estufa Fria, Lisboa.
  • De El Conde de Torrefiel e Balaclava Noir, 2025, 35 minutos por ativação.

Yo No Tengo Nombre é uma instalação-performativa imersiva que converte a Estufa Fria numa paisagem natural animada por um ecrã LED: passado o silêncio vivo do ambiente, a obra propõe uma inversão do observador/espectador — e se for a natureza a nomear-nos? Entre o real e o poético, esta peça convoca-nos a pensar as histórias que contamos sobre a natureza e como ela molda nossa percepção.

Tânia Carvalho, Rocío Guzmán: Nossas Mãos / Nuestras Manos

  • 16 de outubro, às 21h00. Teatro da Garagem / Teatro Taborda, Lisboa.
  • De Tânia Carvalho & Rocío Guzmán, Portugal/Espanha, Bienal BoCA 2025.

Nossas Mãos / Nuestras Manos é um concerto, um encontro íntimo entre duas vozes, portuguesa e andaluza, que dialogam entre melancolia e força, pertença e memória. Num concerto performativo onde se escutam mutuamente, transformam a diferença em cumplicidade sonora — um gesto de escuta, afeto e comunhão.

Candela Capitán: SOLAS

  • 16 de outubro, às 21h00. 8 Marvila, Lisboa.
  • De Candela Capitán, Espanha, 2025, 60 minutos.
  • Com som de Slim Soledad.

SOLAS é uma performance/dança que investiga a sobreexposição do corpo feminino na era digital. Cinco intérpretes, cinco computadores e uma plataforma de streaming povoam um espaço físico/virtual onde corpos femininos se contemplam enquanto são observados — luzes de dispositivos, ecrãs, erotismo domesticado: uma estética pós‑internet que denuncia o olhar e a vigilância.

Julián Pacomio: Os Teus Mortos

  • 19 de outubro. Horário a anunciar. Espaço BoCA, Lisboa.
  • De Julián Pacomio, Portugal, 2025.

Os Teus Mortos é o capítulo final da Trilogia do Sol, em que Julián Pacomio mergulha no lusco‑fusco e na noite para explorar a escuridão não como ausência, mas como lugar de alegria, abrigo e recomeço. Uma dramaturgia da cegueira, onde o invisível deixa de ser vazio e transforma‑se em matéria de performance, resgatando mitologias, densidades e ritmos noturnos.

Aurora Bauzà & Pere Jou: A BEGINNING #16161D

  • 24 e 25 de outubro, às 21h30. Panteão Nacional, Lisboa.
  • De Aurora Bauzà & Pere Jou, Espanha (colaboração internacional), 2025, 50 minutos.

Artistas catalães com forte projeção internacional apresentam pela primeira vez em Portugal esta obra adaptada à escala e à arquitetura do Panteão Nacional. Na peça, dança e música fundem-se numa experiência imersiva onde a presença vocal e a fisicalidade coreográfica se entrelaçam. Cinco bailarinos-cantores, com luzes portáteis, caminham, respiram e falam, compondo uma coreografia sensorial e coral em que o corpo que canta se dissocia do corpo que se move. Uma reflexão sobre a tensão entre o íntimo e o monumental, o individual e o coletivo.

Marcos Morau & La Veronal: Totentanz

  • 24 e 25 de outubro, às 19h00 e 21h30. Academia das Ciências de Lisboa.
  • De Marcos Morau & La Veronal, Espanha, 2025, 55 minutos.

Marcos Morau, figura incontornável da dança contemporânea europeia, apresenta este espetáculo concebido para espaços não convencionais, onde a morte — essa figura antiga, temida e fascinante — regressa ao centro do palco. Inspirando-se na tradição medieval da “dança da morte”, a peça invoca um ritual coletivo contemporâneo: um luto sem nome, uma meditação sobre a fragilidade da vida e a opacidade do fim. Dois corpos inertes, quase espectros, marcam o limiar entre mundos — são guias, talvez relíquias, talvez apenas máscaras. O público é envolvido desde o início numa sessão de espiritismo coreográfico, onde o movimento e o som operam como dispositivos de invocação. A morte, tantas vezes afastada, torna‑se aqui presença ativa, lente crítica, figura dançante. Uma viagem emocional que escapa à lógica: o que significa morrer num mundo que já perdeu o sentido da vida?

  • Artes cénicas
  • Lisboa
  • sáb, 27 de setembro —
    dom, 26 de outubro 2025

Foro

Vários locais, Lisboa

Mais informações

BoCA 2025

Créditos

Organizado pela BoCA e com o apoio do Consejería Cultural e Científico da Embaixada de Espanha.

Ferramentas