Ventos do povo_ Das revoluções e transições ibéricas (1974-1977)

A exposição “Vientos del Pueblo”, por meio de fotografias, apresenta um diálogo sobre as transições democráticas de Portugal e Espanha.

Entre 1974 e 1977, data das primeiras eleições gerais em Espanha, a Península Ibérica viveu o fim de duas longas ditaduras e o início de duas democracias ocidentais. Embora muito diferentes na sua configuração, um aspeto central aproxima o 25 de Abril da transição espanhola: o surgimento de movimentos sociais que exigiam uma verdadeira democratização de cada processo. Com eles, renasce um sujeito coletivo que recupera a noção de povo, reconquista o espaço público e propõe vias alternativas de convivência, organização e participação cidadã.

Longe de um idealismo contemplativo, esses ventos do povo impulsionaram práticas políticas baseadas no bem comum e na solidariedade. Ao mesmo tempo, promoveram uma reformulação do sujeito ao questionar preceitos e normas que limitavam o desenvolvimento pessoal na vida cotidiana.

Embora o cinema e a televisão tenham captado essa “mobilização horizontal”, a fotografia foi além ao representar essa dupla dimensão, política e estética, na qual o povo se reivindica e, ao fazê-lo, se representa. Uma geração única de fotógrafos em ambos os países levou as câmeras para a rua, aplicando fórmulas expressivas e linguagens inovadoras. Paralelamente, com o fim da censura, surgiram inúmeras publicações, tanto nos meios tradicionais quanto em formatos alternativos. Nelas, foram reproduzidas e amplificadas imagens que se tornariam símbolos de um novo tempo histórico.

Pela primeira vez, imagens fotográficas de ambos os países dialogam para refletir sobre os acontecimentos políticos a partir da sua visualidade. A fotografia não apenas registra e documenta, mas também comove e interpela, apresentando uma pluralidade de expressões e dinâmicas reunidas em cinco seções: Hoje começa tudo, O povo na rua, Do centro para a periferia, Liberdade de expressão e A revolução dos corpos.

A exposição inclui setenta fotografias captadas por Alexandre Alves Costa, Alécio de Andrade, Guillermo Armengol, Manel Armengol, Pilar Aymerich, Carlos Bosch, Henri Bureau, Augusto Cabrita, Xosé Castro, Gustavo Catalán, Colita, Peter Collis, Nuno Félix da Costa, Demetrio E. Brisset, Paco Elvira, Pepe Encinas, Antonio Gabriel, Eduardo Gageiro, Carlos Gil, César Lucas, Inácio Ludgero, Rui Martins, Pablo L. Monasor, Andrés Palomino, Albano Pereira, José Carlos Pereira, José Carlos Pratas, Guy Le Querrec, Benito Román, Francesc Simó, Ernesto de Sousa, Ana Turbau e Luis Vasconcelos.